03 maio 2006

[CINE] A Lula, a baleia e um oceano de realidade

Existe uma galerinha de jovens autores norte-americanos que tem mostrado que a idéia de que "menos é mais" também vale para o cinema. Com uma notável capacidade de se contar uma história simples com grande originalidade e profundidade, autores como Wes Anderson, Sofia Copolla e Paul Thomas Anderson vêm criando uma espécie de cinema indie norte-americano.

Chegou a vez de Noah Baumbach se juntar definitivamente a essa lista. Na verdade ele já fazia parte, escrevendo roteiros como A Vida Marinha de Steve Zissou dirigido pelo amigo Wes Anderson. Além de roteirista, é também o diretor do sedutor, excêntrico e auto-biográfico A Lula e a Baleia (The Squid and the Whale - melhor roteiro e melhor direção no festival de Sundance).

Baseado em episódios de usa infância na Nova York dos anos 80, o filme de Baumbach mostra o desmoronamento de um casal de intelectuais e como isso afeta seus filhos. O pai (Jeff Daniels) é um escritor frustrado com excesso de auto-estima e que não tem a menor idéia do tamanho de sua insignificância. A mãe,(Laura Linney) visivelmente vinda da era Flower Power dos anos 70, sofre para se encaixar neste novo mundo. O filho mais velho (Jesse Eisenberg) vê nas letras de Pink Floyd todos aqueles sentimentos e dúvidas que não tem coragem de expor a ninguém. O filho mais novo (Owen Kline, excelente) descobre sua sexualidade enquanto tenta entender como uma família tão unida pode estar ao mesmo tempo tão a beira do abismo. A luta metafórica entre a tal lula e a baleia do título toma diversas proporções na história de cada personagem.

O importante aqui não é "o que" se conta, mas "como" se conta. Em todas as críticas que li até agora sobre A Lula e a Baleia, o que mais aparece são comparações com o trabalho de Wes Anderson (diretor de Os Excêntricos Tenembaum). Mas apesar de todas essas comparações, Noah Baumbach mostra um resultado original e extremamente forte. OK, dá pra se comparar com Wes Anderson, sim. É um filme bem ao estilo dos dele, só que pra uma galera mais crescidinha.

4 comentários:

Anônimo disse...

Já que eu não pude ver o filme contigo, vou tentar ver essa semana. Pelo que você escreveu, devo gostar, até porque curto narrativas simples na vida e na tela.

Anônimo disse...

parece interessante! e adoro o Jeff Daniels. só o título é infeliz, né? achei que fosse um filme sobre o Lula e a mulher dele... :)))

Anônimo disse...

concordo com o má sobre o título! hahahaha

adoro qd vc escreve sobre roteiristas. ;)

beijos

Anônimo disse...

Por coincidências da vida, fui ver o mesmo filme no mesmo que dia que vc, só que de noite. Gostei.

Mas implico - um pouco - com a tendência dessa galera indie americana de somente retratar a família estraçalhada. Parece que eles só conseguem olhar para o próprio umbigo. Ou, pelo menos, começam a olhar para os outros umbigos depois.

Exemplos são vários. Mas só me lembro-me, agora, só de: "Igby goes down", "Moonlight Mile" e "Pieces of April".

Outra coisa: não colocaria nem a Sofia Copolla nem o PT Anderson nessa galera. Ela sempre foi a filha do hômi. Ele faz "sucesso" há tempos no mainstream.

abraços