13 agosto 2009

[CINE] O novo apartheid é legal.

District 9, filme dirigido por Neill Blomkamp, apadrinhado do Peter Jackson, já virou case antes da estréia. Pra entender o porquê, conheça primeiro o plot, que é baseado no curta Alive in Joburg (que foi dirigido pelo próprio Blomkamp):

Há vinte e oito anos aliens chegaram em Joanesburgo, na África. Eles não vieram com intenção de nos dominar mas também não trouxeram avanços tecnológicos. Assim, ficaram isolados no tal Distrito 9 enquanto as nações do mundo discutiam sobre o que fazer com eles. Mais uma raça pra dividir empregos e gerar mais gastos do Estado. O clima entre as raças fica tenso e aí começa a história pra valer. Qualquer semelhança com a vida real que rola no Distrito 6 em Cape Town não é mera coincidência.

Bom, voltando ao porquê de o filme já ser um case... campanhas superbem amarradas entre vários meios diferentes e que entregam conteúdo e interatividade, mais do que simples propaganda, já viraram regra seja pra vender cinema, refrigerante ou batata frita. O legal é quando elas são feitas com relevância de verdade com a história ou produto. E esse é o caso de District 9.

São cartazes espalhados pelas cidades dos EUA com proibição de entrada de "não-humanos", protestos contra filmes que empregam essa outra raça, banheiros públicos, taxis e ônibus apenas para humanos... um verdadeiro retorno à era do apartheid.



O site do filme é controlado pela fictícia MNU (Multinational United) com áreas pra humanos e não-humanos. Existe também um telefone real (1-866-666-6001) que cai no atendimento da MNU com várias opções, inclusive de busca por subempregos se você é um não-humano.

Tem até um blog de um não-humano que luta por direitos iguais, mostrando como a MNU espalha mentiras pra criar todo esse preconceito, todo escrito em lingua alien (com tradução, claro).

E o filme, que acaba sendo apenas mais uma entrega nessa experiência toda que mistura vida real e ficção, parece que vale todo o barulho. Pelo menos pelo trailer. O bacana é que a interação com a história já começou e pelo jeito nao vai acabar só com o filme.

11 agosto 2009

[CINE] Tipo calda de chocolate

Se G.I. Joe fosse uma comida seria aquele pedação de bolo de chocolate com leite condensado, calda, sorvete de creme e pizza fria que você ataca na geladeira de madrugada. É péssimo mas é delicioso.

Fui pro cinema pronto pra odiar, achar todos os defeitos possíveis e depois escrever um post cheio de sarcasmo detonando o filme. Me dei mal.

O roteiro é absurdo e cheio de furos, a Baronesa e o Storm Shadow parecem os vilões do Pokemón e o pano de fundo psicológico dos personagens tem a profundidade de uma novela mexicana. E tudo isso é colocado de uma maneira tão genuinamente despretensiosa e feita com o único propósito de divertir que realmente diverte. Muito.

G.I. Joe é provavelmente o filme mais fanfarrão que vi nos últimos meses. E também um dos que mais me divertiu.

A sensação que tive no cinema me lembrou muito aquela de chegar da escola e ver o desenho no Xou da Xuxa.

Não é pra levar a sério. É pra passar o tempo, não pensar em nada e ter um tempinho de puro prazer auto indulgente sem culpa. Como aquele bolo de chocolate na madrugada.

04 agosto 2009

[CINE] Quase um filmão.

Inimigos Públicos é um filme bonito de se ver. Tem climão e ao mesmo tempo em que remete aos clássicos filmes de gângster, inova na câmera digital ágil e quase documental de Michael Mann (diretor também de Colateral, Ali e Miami Vice).

O elenco com Johnny Depp e Marion Piaf Cotillard, por si só, já valeria o ingresso.

Mas mesmo com seqüências de tiroteio e perseguição de tirar o fôlego e atuações impecáveis (até mesmo do mala Christian Batman Bale), Inimigos Públicos consegue ser chaaaaaato. Suas duas horas e meia parecem ser quatro.

OK que o olhar do diretor de fotografia Dante Spinotti e sua captação em alta definição digital criam telas lindas de se ver. A trilha também ajuda muito.

Mas tudo é carregado demaaais na emoção.

Tudo é tão denso, sublinhado e cheio de exclamações que cansa. Com meia hora a menos seria um filmão.