31 julho 2007

[CINE] Agora vai, Harry.

Esqueça aquela molecada brincando de atuar (mal) num filme multimilionário. Jogue fora toda aquela histrionice de efeitinhos mágicos engraçados pra botar a criançada rindo na frente da telona. Tudo o que fazia os fãs (adultos) dos livros de Harry Potter ficarem vermelhos de vergonha no cinema foi morto e bem enterrado pela direção inteligente e apurada de David Yates e o roteiro redondo e bem escrito de Michael Goldenberg para Harry Potter e a Ordem da Fênix.

O que o roteirista Steve Kloves demorou quatro filmes pra aprender (só em O Cálice de Fogo ele foi acertar a mão), Goldenberg tirou de letra. E a adaptação do livro para um roteiro de cinema é um passo crucial, principalmente agora que a trama dá um salto em complexida.

Depois de encarar de perto a morte de um amigo e descobrir que Voldemort (Ralph Fiennes) está de volta, Harry (Daniel Radcliffe, que finalmente aprendeu atuar) se vê desacreditado no mundo dos bruxos. O ministério da magia faz de tudo pra encobrir a verdade. Instaura-se uma espécie de ditadura em Hogwarts, que passa a ser comandada por Dolores Umbridge (Imelda Staunton, impecável) que é, de longe, a vilã mais friamente cruel de todos os livros (com excessão de Você-Sabe-Quem, claro).

Depois de tanta discrepância de qualidade entre os livros e os filmes, David Yates, como que num passe de mágica, conseguiu quase equiparar os dois. Não é à toa que já está certa sua direção do próximo Harry Potter: The Half-Blood Prince. Quem sabe ele não emenda mais um e fica até o final da saga?

24 julho 2007

[CINE] O parafuso a menos de Michael Bay

Quem mais anda precisando de uma transformação em Hollywood é o diretor Michael Bay (culpado por A Ilha, Pearl Harbor, Armageddon, etc.). Depois de convencido pelo produtor Steven Spielberg, Bay volta aos cinemas com Transformers pra mostrar o que mais sabe (ou só sabe) fazer: muita ação, um fiapo de história, explosões, pessoas correndo em câmera lenta ao som de uma música melosa e por aí vai.

OK, o filme é um pipocão mesmo. É pra se divertir com os robozões se espancando na tela, certo? Certíssimo. E, como em A Ilha, Transformers começa muito bem. Os momentos em que Sam Witwicky (Shia LeBeuf, numa atuação muito além do que o próprio filme merece), descobre que seu Chevrolet Camaro é na verdade um super robô gigante e alienígena já valem o ingresso. É Steven Spielberg puro, como um Eliot de hormônios à flor da pele descobrindo um E.T. turbinado no quintal de casa.

Mas passado esse momento, entra em ação o velho e cafona Bay de sempre. Personagens inverossímeis (e não estou falando dos robôs!) e cenas de ação tão mirabolantes e frenéticas que depois de um tempo viram paisagem. Sem contar o discurso do bem contra o mal que, láaa nos anos 80, podia fazer um certo sentido pras crianças que viam o Show da Xuxa. Mas hoje só causa constrangimento.

O pouco que dá pra pegar da pancadaria entre os Autobots (robôs do bem) e os Decepticons (os do mal) é realmente de tirar o fôlego. Carros em alta velocidade se transformando a mil por hora numa rodovia e se espancando sem dó nem piedade são de saltar aos olhos. Mas com os cortes acelerados e as trocentas coisas acontecendo com as dezenas de núcleos de personagens desnecessários, tudo ao mesmo tempo e no mesmo lugar, fica difícil acompanhar. E, no final, com tanto porca e arruela voando pra todo lado, Transformers faz o contrário do que deveria: dá sono.