05 abril 2006

[CINE] Spike Lee com 1001 utilidades

Pra uma atriz do cacife de Jodie Foster aparecer só 15 minutos em um filme sem pestanejar e pra um ator como Clive Owen topar não mostrar o que ele tem de melhor, que é a cara (ele fica de máscara em 90% do filme), é porque tem peso pesado sí na história. E o nome desse peso é Spike Lee.

O Plano Perfeito (Inside Man) é o nome sem graça de um filme com um tema que chega a ser banal (roubo de banco, impasse com reféns, corrupção à la Nova York, cerco policial...). Tudo isso pra ser virado do avesso pelo engajado diretor de Malcom X.

O bacana aqui é que a trama central é tão batida (e ao mesmo tão bem contada) que sobra espaço para Spike Lee brincar à vontade (e pra platéia se deliciar com isso). É aí que seu cinema de denúncia contra racismo norte-americano atinge um outro patamar. Além de um filme visivelmente mais pipoca, O Plano Perfeito abraça toda a diversidade étnica e cultural de Nova York, ou seja, da América.

Mas não pense que o filme fica só nessa versão repaginada do Blaxploitation. A própria história do assalto tem suas reviravoltas e seus elementos perturbadores e desconcertantes. Dois pontos altos no filme: a trilha sonora esperta de Terence Blanchard, que chega a ser um personagem à parte. E a atuação enxuta (e curtíssima) de Jodie Foster como a amoral Madeline White. Ela aparece quase nada e mesmo assim você sai do cinema com a sensação de que o filme é dela.

3 comentários:

Anônimo disse...

Os melhores diálogos, na minha humilde opinião, são protagonizados pelo Denzel Washington que, aliás, improvisou grande parte de suas falas. O que foi aquela hora que ele manda para o sikh que reclamava sobre ser sempre escolhido "aleatoriamente" para revista: "pelo menos vc não deve ter problema para conseguir um táxi em NY".

Timing perfeito.

Anônimo disse...

O Denzel Washington está realmente muito bem. E na hora que ele e o parceiro ficam "torturando" a velhinha no interrogatório? "A senhora está presa....não, não....não está. Está sim....não, não, brincadeirinha". Sensacional

Anônimo disse...

Se não fosse o bom humor do personagem de Denzel Washingon.., teria cochilado no cinema...