13 janeiro 2008

[CINE] Orgulho de Reparação

O livro Reparação, (Atonement) do inglês Ian McEwan, é uma das melhores obras de ficção que já li. Resumidamente e sem entregar nada, tudo começa em um dia quente de verão de 1935, na casa de campo da aristocrática família Tallis. Uma seqüência de eventos mostra o amor entre a jovem Cecília Tallis e Robbie Turner, o filho da governanta. Porém, a mente criativa e confusamente pré-adolescente de Briony, irmã mais nova de Cecília, interpreta tudo o que vê de uma forma distorcida, e as conseqüências são catastróficas.

Deixando o enredo um pouco de lado, o que mais impressiona no livro, vencedor do Booker Prize, principal prêmio da literatura britânica, é a maneria com que McEwan conta essa história. E é aqui que uma pulga pulou atrás da minha orelha ao saber que a adaptação para o cinema seria lançada.

Como levar pra uma cena de filme o mesmo impacto que teve um parágrafo escrito tão inspiradamente? O diretor Joe Wright (de Orgulho e Preconceito) também deve ter dormido com essa pulga. E conseguiu matá-la com a mais pura genialidade.

Dos cortes secos e inesperados, um plano-seqüencia tão poético que beira o surrealismo, à trilha sonora composta por sons de máquina de escrever, Wright contou a história longe de ser simploriamente literal ao livro. Não é só a história do livro que está nos cinemas com o nome de Desejo e Reparação. Estão lá o clima, a tensão, o calor, o afobamento, a tristeza, a poesia e a loucura que se sente ao correr os olhos sobre as linhas de McEwan. E sem copiá-los ou imitá-los. Não é à toa que Ian McEwan está lá na cadeira de produtor executivo do filme dando sua bênção.

É linguagem de cinema pra cinema. E não cinema tentando imitar literatura. É aí que pecam muitos diretores que tentam reproduzir uma cópia fiel de um livro. Não dá pra comparar livro e filme, simplesmente porque cada um é um meio de se contar uma história e cada um tem sua maneira de fazê-lo. Felizmente Joe Wright sabe disso.

8 comentários:

Anônimo disse...

Esse filme ja lancou ou ainda nao???

Me parece bom, tanto o livro qnto o filme!!!

Thanks God, Withpopcorn is back!!!

hehehe

bjus primo!!

Anônimo disse...

Êbaaaaaa!!!!
Finalmente vou poder saber o que acontece na história! =D
E depois poderemos conversar sobre o... filme, claro!

Thiago Lasco disse...

Veja o filme, leia o livro - e entenda tudo pelo blog do Samu :)

B. disse...

estou quase chegando na página 100! será que consigo terminar enquanto o filme estiver no cinema?

adorei o post, me fez querer ver o filme logo. com vc e com o dedé, tá bom???? :P

beijos

Unknown disse...

O filme realmente é mto bom!!! E passei a achar melhor ainda depois de ler essa crítica maravilhosa que vc escreveu Samu... Parabéns!!!

Anônimo disse...

Posso ser suspeito pra falar, pq já tinha uma ligação afetiva com o livro. Mas o filme é bom demais da conta, sô! Dizer que chorou no fim é termômetro de qualidade? =)

Anônimo disse...

Precisão, como descrito por Ítalo Calvino, é o conceito que encontro pra este filme. O gestual dos atores que dançam com a câmera, me dá a impressão de que estava assistindo um ballet, impecável. A música é perfeita; a sincronia entre música, sons ambientes, imagens, cortes rápidos e secos e tensão dos personagens são exatos e geniais.
Uma sequência de apenas 5 minutos da multidão de soldados na praia, conta toda a guerra e um pouco mais, melhor do que muitos filmes sobre guerra. E preciosidades como a imagem de uma idosa empurrando com dificuldade um carrinho de bebê, num momento crucial da história, conta todo um ciclo de vida, e um pouco mais...

Clarissa Vasconcellos disse...

Chorei no fim do filme quase tanto quanto no fim do livro e fiquei arrepiada com várias sequencias. Ver as palavras do livro materializadas com tanto capricho foi emocionante. O filme é um belo mimo para os seguidores mcewanianos e Writght criou um jeito bem legal de manter a metalinguagem.