26 fevereiro 2006

[NEWS] Da parede da borracharia pra tela do computador

Lembra quando a BMW, em 2002, mostrou que existe luz no fim do túnel da propaganda? Ela tinha contratado cineastas famosos para dirigir curtas-metragens que seriam distribuídos só pela internet. Pois é, agora é a vez da Pirelli fazer o mesmo com o projeto Pirellifilm.

Até agora, só o primeiro diretor foi anunciado: Antoine Fuqua (de Dia de treinamento e Rei Arthur). Ele assina o curta The Call, estrelado por John Malkovich e pela modelo Naomi Campbell.

Mas não precisa se descabelar de curiosidade. No site Pirellifilm.com já é possível assistir a uma prévia do curta filmado em Roma, no hospital Santo Spirito e num velho galpão industrial abandonado. O roteiro teve consultoria de Padre John, encarregado do Estado Pontifício do Vaticano para as relações com o mundo do cinema. Daí, é possível ter uma idéia do que virá. Resta saber se a onda vai pegar tão bem quanto os filminhos da BMW que tiveram diretores como Guy Ritchie, John Woo, Ang Lee, David Fincher e Ridley Scott. Veremos.

22 fevereiro 2006

[NEWS] Momento fofo

Dizem que amor de praia não sobe a serra. Mas o amor de montanha desce. Afinal, pra baixo todo santo ajuda.

Super chegados desde que interpretaram os cowboys apaixonados de “Brokeback Mountain”, Heath Ledger e Jake Gyllenhaal agora têm mais um vínculo em suas vidas: Matilda.

É que Gyllenhaal foi convidado pra ser o padrinho da filha de Ledger. A garota mal completou 4 meses e já aparece em sites de notícias e blogs por todo o mundo.

O que não é ser filha de um astro que acaba de estrelar num filme polêmico pros padrões de Hollywood, não é minha gente?

20 fevereiro 2006

[CINE] Match Point para Woody Allen

Woody Allen está na minha lista de diretores superestimados que levam crédito desmerecido por qualquer coisa que façam. Mas dessa vez, com "Match Point", eu dou razão a essa raça de cinéfilos blasé com óculos de aro grosso e blusas com gola rolê. Este é um Woody Allen dos bons. É por filmes assim que o roteirista/ator/diretor de 71 anos mostra que ainda tem muito fôlego e capacidade de inovar.

A história de Chris Wilton (Jonathan Rhys Meyers), um instrutor de tênis que se casa com a irmã do novo e milionário amigo, Tom Hewett (Matthew Goode) e se apaixona por sua noiva Nola (Scarlet Johansson), se passa em Londres, mas Allen captura a cidade com a mesma cumplicidade que olha para Nova York.

Seus diálogos mantêm aquela profundidade, leveza e imprevisibilidade que nos fazem passar do sorriso ao espanto e às gargalhadas em menos de sete palavras. Tudo muito bem amarrado, sem nenhuma cena desperdiçada.

O filme lembra “Crimes e Pecados” de 89, mas o paralelo com o livro “Crime e Castigo” de Dostoiévski é bastante claro. Só que Match Point (pra quem não sabe, o ponto que fecha o jogo de tênis) fecha a história onde Dostoiévski poderia terminar a dele, caso escrevesse seu livro hoje (claro que não vou falar sobre o final do livro aqui, né? Falar do Dostô foi meu momento cultural de hoje. Pronto, passou.).

E além de tudo isso, Scarlet Johansson mostra que pra ser a nova queridinha de Woody Allen (ela está em seu próximo filme, "Scoop", também filmado em Londres) precisa ser bem mais que um rostinho sexy e bonito. A loirinha americana, em meio a várias atuações nota sete e meio do elenco inglês, arrebenta.

"Match Point" fala sobre a sorte e o azar, sobre aquele momento em que a bola de tênis bate na rede, sobe e pode cair de qualquer lado da quadra. E com esse filme, a bola de Woody marcou um ponto pra ele.

18 fevereiro 2006

[NEWS] Sorria, James. Você está sendo filmado!

Que não saiam dizendo por aí que falar nesse blog sobre filmes que ainda não estrearam dá azar! Mas segundo o Sunday Mirror, o novo 007, Daniel Craig, acaba de perder dois dentes durante a filmagem de sua primeira briga contra os homens do mal em “Cassino Royale”.

E quem se deu bem nessa foi o dentista particular de Craig. Ele precisou viajar para a República Tcheca só pra implantar dois dentes postiços no rapaz que, de agora em diante, só atua usando protetores de gengivas durante os quebra-paus.

Como ainda faltam muitas cenas pra serem rodadas pelas Ilhas Bahamas, Itália e Inglaterra, é bom mesmo James Bond tomar cuidado com seu sorriso matador.

17 fevereiro 2006

[NEWS] Vingança no show dos Stones

As 1.500.000 pessoas espremidas em Copacabana neste sábado poderão ver alguma coisa que valha a pena (já estarão longe demais pra ver os Rolling Stones cantando pra 4000 VIPs). É que a Warner Bros. vai transmitir diversas vezes nos telões, e em primeira mão, o trailer de “V de Vingança”.

O filme de James McTeigue é inspirado na história em quadrinhos de Alan Moore, lançada nos anos 80 e roteirizado pelos irmãos Andy e Larry Wachowski (aqueles de Matrix).

A moda agora é filme polêmico. Depois dos debates em torno de “Munique”, “Boa Noite e Boa Sorte” e “Syriana”, a acusação da vez é de que este filme supostamente justifica o terrorismo como forma de combate a ditaduras. Isso porque “V de Vingança” se passa em uma Bretanha futurista sob um regime fascista em que um homem mascarado conhecido por “V” (Hugo Weaving) luta contra o sistema com ataques digamos... nada politicamente corretos. E nessa empreitada acaba salvando a vida de uma jovem da classe trabalhadora, Evey (Natalie Portman), por quem se apaixona.

A se contar pela legião de fãs que essa HQ reuniu pelo mundo, "V de Vingança" vai balançar muito mais gente que o show dos vovôs Rolling Stones na praia. E aí? Se animou um pouco mais pra enfrentar a muvuca de Copa? Eu já to lá.

16 fevereiro 2006

[DVD] Uma jogada de efeito

"Two for the Money" (por enquanto só importado em alguma locadoras não-Blockbuster) tinha tudo pra ser um pé no saco: baseado em fatos reais, muito futebol americano, Al Pacino (de novo) fazendo um homem rico sem escrúpulos... Enfim, mais do mesmo. Mas graças à minha falta do que fazer numa quarta-feira à noite, descobri que ele reserva alguns bons momentos.

O filme conta a história de Brandon Lang (Matthew McConaughey), um ex-jogador de futebol americano que tem o dom de adivinhar os times vencedores. Ele é descoberto pelo milionário Walter Abrams (Al Pacino) e, juntos, fazem fortuna vendendo dicas de resultados de jogos a apostadores que ficam cada vez mais ricos.

Mas Brandon é obrigado a viver sob a sombra de um nome fictício: o faceiro John Anthony. Mas as apostas não ficam só no âmbito esportivo. Elas vão além, num jogo de egos e vaidades entre os personagens, tendo como pivô a mulher de Walter, a misteriosa Toni (Rene Russo, em um dos seus melhores momentos pós-coroa).

O único que comeu bola aí foi o diretor D.J. Caruso. O filme vai bem e está prestes a marcar um touchdown nos cinco minutos finais quando descamba para uma lição de vida melodramática e completamente desnecessária e brega.

Por isso não deixe de ver os extras. Tem uma entrevista em que o verdadeiro Brandon/John conta como conseguiu transformar sua vida em um filme. Não vou contar aqui pra não estragar a surpresa, mas você já sabe que deu certo.

14 fevereiro 2006

[CINE] Enquanto James Bond não vem

A nova aventura de James Bond já começou a ser rodada em Praga, com o ator Daniel Craig como o novo 007. E a nova aventura de James Bond também é a mais velha.

Casino Royale foi o primeiro livro escrito por Ian Fleming sobre o agente secreto britânico em 1953. Alguns não sabem mas ele teve uma obscura e não-oficial filmagem em 1967 dirigida por Val Guest. O tom era muito mais para uma paródia e comédia pastelão. O que, dependendo com que olhos você vê qualquer filme do James Bond, isso não deixa de ser verdade.

O elenco é o mais improvável: Peter Sellers como 007 (e Evelyn Tremble), Ursula Andress como Vésper Lynd (E 007. Isso mesmo, não precisa ler de novo. Tem vários James Bonds nesse filme), Woody Allen como Dr. Noah (e um neurótico 007!). Posso parar por aqui, né? Vale a pena assistir enquanto o novo não chega.

13 fevereiro 2006

[NEWS] Brokeback to the Future

Não demorou pipocar pela internet trocentas piadas e spams engraçadinhos sobre Brokeback Mountain, mas esse aqui merece o post.

O You Tube, um site que oferece espaço pra quem quiser divulgar seus vídeos caseiros, tem recebido uma enxurrada de visitas de gente doida pra ver mais uma vez o trailer de "Brokeback to the Future". O vídeo foi editado pelo site Chocolate Cake City e começa com aquela música melosa que o portenho Gustavo Santaolalla compôs para o filme de Ang Lee. Bem, mais fácil você clicar logo no box abaixo e assistir. É impagável.

12 fevereiro 2006

[CINE] Mais do mesmo bem feito

Confesso que antes de ver “Johnny & June” (Walk the Line), meu conhecimento sobre a história e carreira de Johnny Cash era bem raso. E talvez seja por isso que a primeira metade tenha sido tão interessante. Mas depois de uma hora no cinema, comecei a sentir um cheiro de já-vi-isso-em-algum-lugar. E na verdade todos nós já vimos. Mais de uma vez.

Já reparou como história de astro é tudo igual? Criança pobre sofre perda traumatizante, família não dá apoio, ela sofre mais um pouco, luta por um sonho, sofre de novo, cresce, é reconhecida, o cara vira astro, pisa na jaca, fica dependente de drogas, isso causa problemas em casa e na carreira, e aí tem três finais possíveis e previsíveis: ou o superstar se mata tragicamente, ou morre de overdose ou um velho amor o salva desse mundo, ele se recupera, dá a volta por cima, a imagem congela e um letreiro conta o que aconteceu desse momento feliz até hoje ou até o dia em que ele morreu. Não é típico?

E não foi nada diferente com nosso Johnny Cash. O filme é uma biografia reverente, mesmo mostrando sua dependência química, e tem alguns momentos bons, principalmente seu início, no melhor estilo 2 Filhos de Francisco com alto orçamento. E a atuação de Joaquin Phoenix convence direitinho. Não fosse o excepcional Philip Seymour Hoffman concorrendo ao Oscar por Capote, eu arriscaria que a estatueta já tem dono. E por falar em Oscarizáveis, Reese Whitherspoon mostra mais uma vez que tem muito mais que uma testa tamanho família. Basta ela entrar em cena, com seus cabelos escurecidos cosmeticamente, pra mostrar como a parceira de Johnny Cash, June Carter, tem carisma suficiente pra emocionar uma platéia já cansada de ouvir a mesma história.

11 fevereiro 2006

[CINE] Malas prontas pra Austrália? Pense duas vezes...

A impressão que se tem é que a Austrália está lotada de turistas indesejados e por isso resolveu lançar uma forte campanha de não-venha-pra-cá-ou-você-vai-morrer-tragicamente. Pelo menos é essa mensagem que fica após assistir a “Wolf Creek – Viagem ao Inferno”, trabalho de estréia do diretor e roteirista australiano Greg McLean.

O filme, supostamente baseado em fatos reais, começa bem intencionado. As atuações são convincentes e o clima criado vende bem o seu peixe de que algo bacana e assustador vem por aí. Só que esse algo demooora acontecer. Na verdade, demora tanto que, quando acontece, você se pergunta: “Será que era isso que deveria mesmo ter acontecido?”. Isso por que em nenhum momento a película se decide se quer ser um filme de terror malfeito, um thriller de gato e rato ou um mistério sobrenatural.

O que sobra de bom é o vilão Mick Taylor (John Jarratt), que já tem lugar garantido no hall de psicopatas clássicos do cinema. Ele é uma deliciosa mistura do típico australiano-caipira-e-pau-pra-toda-obra com uma espécie de bicho-papão inacreditavelmente sádico e diabólico. Detalhe pra risadinha escrachada de Mick enquanto esquarteja o resto do elenco. Ela deixa no chinelo até a respiração ofegante do Darth Vader. E segundo os tais “fatos reais”, ele continua por lá esperando o próximo turista desavisado. É bom tomar cuidado.

10 fevereiro 2006

[DVD] O pior filme que você pode ver na vida. Imperdível!

Alguém me explica que sentido tem uma personagem que é uma garota pobre, trabalhadora, negra, que sofre as agruras da vida em uma perigosa tecelagem em São Bernardo do Campo, namora um neonazista, é fã do Arnold Schawzenegger, e que também não dispensa um bom Jazz e fica irritada quando alguém discorda de seus ideais Marxistas e ainda lê Proust?

E essa é apenas UMA das completamente esquizofrênicas personagens de um filme que não é comédia, não é drama, não é denúncia social, não é um thriller policial, não é um videoclipe, não é uma novela mexicana e ainda assim tenta ser tudo isso ao mesmo tempo. Bem vindo ao universo de “Garotas do ABC” (que originalmente ia se chamar “Aurélia Scharzenêga”).

O 13o filme de Carlos Reichenbach (“Extremos do Prazer”, “Filme Demência” e “Anjos do Arrabalde) é uma grande e engraçadíssima colcha de retalhos kitch. Entre brigas de gangues, garrafas de pinga e pratos de macarrão quebrados na cabeça, diálogos completamente nonsense e atuações que beiram aquelas reconstituições de cena de canal evangélico, eis que surge a figura de Selton Mello (platéia atônita). Ele mesmo, atuando e coproduzindo essa pérola!

Antes que eu me esqueça, um desafio: Duvido que alguém consiga ver a cena do monólogo da pedreira sem tirar os olhos e sem ter um ataque de labirintite ou ânsia de vômito em menos de 3 minutos.
É por essas e outras que “Garotas do ABC” já nasceu cult. Não dá pra ignorar uma obra dessas. Esse é pra juntar os amigos, fazer muita pipoca e morrer de rir. Mas cuidados com as cenas na pedreira!

09 fevereiro 2006

[CINE] Pra ver com o cérebro ligado

Se você procura um filme cheio de ação, explosões, pura diversão pra não pensar em mais nada depois de um dia estressante no trabalho, passe bem longe de “Boa Noite e Boa Sorte”. Esse filme em preto e branco, dirigido por George Clooney, é denso, tem conteúdo, e muito conteúdo. Não é fácil. Os primeiros quinze minutos dão a impressão de que você acabou de se sentar em uma mesa com pessoas que você não conhece falando de outras que você conhece menos ainda. Mas digo uma coisa: é impossível não prestar atenção.

O filme conta a batalha entre a TV CBS e Joseph McCarthy, um senador que se tornou símbolo de uma nova caça às bruxas, ou melhor, uma caça aos comunistas nos EUA. Foi um período esquizofrênico em que um país que dava ao mundo o exemplo de liberdade e democracia tentava calar e prender todo cidadão que mostrasse uma mínima simpatia pelo socialismo. Tudo corria bem no reinado de McCarthy até que um grupo de jornalistas liderados pelo âncora Edward R. Murrow (David Strathairn, magnífico) decidiu contra-atacar.

Mas não espere que isso traga cenas de perseguição, suspense e ameaça. O filme não decola assim. Mas ele engrena. E como engrena! Quando você menos perceber, vai estar colado na cadeira absorvendo cada palavra de diálogos escritos com uma inteligência rara no cinema de hoje. As palavras saem da boca de Murrow como facas afiadas cortando tudo o que vem pela frente. É por essas e outras, como a fotografia densa e claustrofóbica e atuações espetaculares, que o filme é um espetáculo.

Talvez só peque por ser linear demais. Tirar o ápice e montar o filme em blocos de discurso – programa – negona cantando jazz – discurso – programa – negona cantando jazz é uma tentativa até válida de fugir da formulinha hollywoodiana. Mas pra uma ode à liberdade de expressão e à não-alienação de um povo, “Boa Noite e Boa Sorte” bem que merecia um pouco mais de ousadia.

08 fevereiro 2006

[NEWS] Enquanto trocam o rolo...

Fazer seeempre o mesmo casal nas telas já não é mais exclusividade de Julia Lemertz e Alexandre Borges (quase tão original quanto Regina Duarte e Gabriela Duarte interpretarem mãe e filha). Matt Damon e Ben Affleck estão de volta!

Os atores-roteiristas-amigos-siameses vão vestir terninhos novos e viver dois advogados que tentam salvar a vida de um condenado à morte em um filme, ainda sem nome, baseado em uma história real. Depois de aparecerem juntos em tantos filmes e até ganharem um Oscar juntos, esse lance de história real já tá ficando com duplo sentido.



***

Depois de desvendar “O Código Da Vinci” (que estréia dia em meados de Maio desse ano, junto com o festival de Cannes), Tom Hanks vai atuar em uma comédia escrita por Nia Vardalos, que você deve conhecer como aquela atriz e roteirista de “O Casamento Grego”.

Tudo bem que o quase cinqüentão já ganhou dois Oscar seguidos por “Filadélfia” em 94 e “Forrest Gump” em 95, e o sucesso de “O Casamento Grego” que arrecadou 40 vezes mais que seu orçamento, não deve ser desprezado. Mas se considerarmos as chatíssimas comédias em que Tom Hanks já atuou, como o mais que sem sal “Mensagem pra Você”, tomara que esse novo filme intitulado “Talk to the Town” não se torne um típico filme “Talk to the Hand”.

07 fevereiro 2006

[CINE] A arte do olhar

O segredo de Brokeback Mountain não está num amor velado entre dois caubóis no conservador estado de Wyoming entre as décadas de 60 e 70. O segredo está discretamente escondido no olhar de cada um dos personagens do filme. E em matéria de direção de olhares o diretor Ang Lee, de “O Tigre e o Dragão” e “Hulk”, é mestre.

Os sentimentos são velados, os desejos são contidos, tudo está enterrado o mais fundo que a sociedade americana pode desejar. E mesmo assim o complexo amor de Jack Twist (Jake Gyllenhaal), o medo e a falsa segurança de Enis Del Mar (Heath Ledger) e a inconformidade e dedicação incondicional de Alma (Michelle Williams), são mostradas com uma clareza e uma naturalidade arrebatadoras. Isso tudo apenas com o olhar. Os diálogos estão ali pra complementar apenas.

Em alguns momentos o filme bem que merecia uma edição mais enxuta. Depois de 60 minutos no cinema as panorâmicas do mundo de Marlboro começam a ficar com cara de “ok, já entendi que a montanha é linda, dá zoom que quero ver o que acontece”.

Mas o grande trunfo de “O Segredo de Brokeback Mountain” talvez esteja na convivência pacífica de toda aquela fauna heterogênea que povoa os Cinemarks da vida com óbvios e emocionados casais gays, assistindo juntos a dois caubóis trocando juras de amor. E todos se sentindo cool, afinal gay tá na moda e o filme concorre a 8 Oscar!

Mas dizer que isso é um sinal de diminuição do preconceito é, no mínimo, exagero. Do mesmo jeito que os olhos dos caubóis escondem amor e insegurança, os olhares dos espectadores, ao saírem da sala de cinema, também transbordam de sentimentos conflitantes. É nítida a luta interna de algumas pessoas entre aquilo que aprenderam a repelir e aquilo que Ang Lee mostra ser bacana aceitar.