03 novembro 2006

[CINE] Trama pra quê? É o Altman!

Muitos, muitos personagens, várias historinhas paralelas conduzidas apenas por um fino fio central, um pout-porri de astros de primeira linha (calma, não é a próxima novela do Manoel Carlos). Eis A Última Noite, mais um (e com toda cara de o último) filme do diretor Robert Altman (Assassinato em Gosford Park, Dr. T e as Mulheres).

A Última Noite mostra uma fictícia última apresentação ao vivo de um programa que é uma lenda nos EUA: A Prairie Home Companion (título original do filme). O criador e apresentador do programa (que está no ar há 31 anos), Garrison Keillor foi muito feliz ao se aliar a Robert Altman para co-roteirizar e estrelar um filme em que a história de cada personagem é mais importante que trama geral.

Nesta última noite, a câmera de Altman corre freneticamente entre bastidores e palco do programa de rádio. Repare nos camarins lotados de espelhos. É delicioso correr os olhos por todos aqueles reflexos e ângulos diferentes dos personagens, todos no mesmo quadro. E o mais impressionante é que a câmera simplesmente não aparece em nenhum, mesmo quando passa em frente a um espelho. É como se ela fosse um fantasma assistindo de perto a tudo o que acontece nessa última e melancólica apresentação do programa.

Se você espera um filme padrão, com começo, meio e fim e uma possível moral da história, esqueça. A Última Noite não é assim. São alguns recomeços, vários meios, um ou outro fim. Tudo costurado pra que você se encante com cada um dos personagens. Aqui, atores e atrizes como Meryl Streep, Virginia Madsen, Woody Harrelson, Lindsay Lohan, Kevin Kline e Tommy Lee Jones cantam e improvisam suas falas o tempo todo.

Você pode até não saber a razão de estar gostando, mas é difícil segurar alguns sorrisos, como se aquela dupla de vaqueiros contando piadas ou o dueto de irmãs cantoras (uma espécie de irmãs Galvão da gringolândia) fossem seus amigos de longa data. Pra quem já é fã de Altman (ou do Maneco), A Última Noite é um prato cheio e imperdível.

Um comentário:

Corinto disse...

Adoro Altman!