21 fevereiro 2007

[CINE] Vida longa À Rainha

Sempre achei meio piegas estes filmes que falam sobre valores-de-uma-sociedade-e-seus-contrastes-com-os-valores-de-uma-pessoa-e-por-aí-vai. Mas felizmente o diretor Stephen Frears, com seu fantástico A Rainha, conseguiu mudar radicalmente meu conceito sobre o assunto.

Tudo se passa no intervalo de uma semana, quando a família real inglesa viveu num mundo de cabeça pra baixo. Tudo começa com Tony Blair (Michael Sheen, em sua segunda atuação como Blair), o candidato pra frentex do Partido Trabalhista, se elegendo o Primeiro-Ministro depois de 18 anos de conservadorismo no poder. Naquela mesma noite a ex-princesa Diana (um ícone pop moderno em meio ao tradicionalismo monárquico) morre em um acidente de carro em Paris. Dois fatos isolados que quase causaram uma revolução.

De um lado a Rainha Elizabeth II, segurando com mão de ferro o que resta da real tradição familiar. Um luto extremamente reservado por uma Diana Spencer que felizmente não fazia mais parte da família. De outro lado Tony Blair, com seu olho político na devoção extrema que o povo tinha pela ex-princesa. Uma guerra em que saem do ataque os cavaleiros com espadas e entram as emissoras de TV, a internet e os tablóides. Os únicos elementos do passado aqui são o castelo e sua rainha lá dentro.

Com atitudes contrárias às que o povo e a mídia exigem de uma rainha, Elizabeth II se torna uma bruxa má, a imagem oposta da "princesa do Povo", uma cinderela real que nasceu da plebe, benfeitora dos pobres e necessitados.

Nada é tão simples quanto parece e qualquer atitude nessa guerra pode ter conseqüências catastróficas. Blair sai em defesa de uma instituição praticamente oposta à sua atitude neo-liberalista e a bruxa má, em uma atuação extraordinária de Helen Mirren como Elizabeth II, mostra que é preciso muito mais que uma coroa pra ser uma rainha de verdade.

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