02 fevereiro 2007

[CINE] Prenda-me se for capaz

Mel Gibson precisa levar uma coça por gerar tanta expectativa. Depois de mostrar com quantos baldes de sangue se faz uma Paixão de Cristo, Mel virou sua câmera nervosa para a América Central pré-colombiana e supostamente mostrar o fim de uma civilização.

Provavelmente o que mais chamou a atenção aqui (além das entrevistas polêmicas com o diretor) foi o fato de que os personagens de Apocalypto conversam 100% do filme em uma língua morta. Mas faltou Mel avisar que seu Apocalypto está muito mais pra um filme de perseguição do que pra uma história sobre a decadência de um povo (como o próprio nome nos leva a crer).

O estudo de um dialeto Maia e a reconstituição detalhada de uma época que faz até a mais chata das aulas de história ficar interessante bem que mereciam um roteiro mais bacana do que um simples pega-pega de mocinho e bandido. Como correria, o filme é sensacional, mas pára aí.

As duas únicas referências à tal queda dessa civilização chegam a ser tão constrangedoras quanto botar Mel Gibson pra rezar numa sinagoga. Olha só a seguinte frase que abre a película: "Uma grande civilização não se conquista por fora sem que antes se destrua por dentro". A citação de Will Durant, assim, no começo, logo é esquecida com o corre-corre sangrento. Mas tudo o que se vê no filme, por mais erros históricos que se possa ter, são os costumes de um povo. Não sua degradação moral.

Aliás, quem pode definir o certo e o errado nas atitudes de uma civilização a qual nunca pertenceu? Mel acha que pode. Tanto que pinta a chegada das caravelas de Hernández de Córdoba com um certo tom de alívio. Quem não dormiu nessa aula de história sabe que não foram bem os sacrifícios aos Deuses ou a correria frenética pela floresta que significaram o fim de uma grande civilização...

5 comentários:

Davi G. Araújo disse...

Concordo com as críticas! Apesar disso, o esmero técnico utilizado nas filmagens acaba fazendo valer a pena!

Um pipocão! Nada mais, nada menos!

Abs!

Anônimo disse...

O filme é de um maniqueísmo tão burro que nem como 'pipoca' funciona. Só irrita.

contonocanto disse...

Ao fim do filme, pensei: para quê? para que ele fez esse filme? porque, se foi para mostrar a degradação de um povo, ele não conseguiu.

Mas, ao fim, também, achei divertidinho. inho.

Thaty disse...

Ufa! Que alívio ver que alguém mais - além de mim - achou este filme um banho de sangue sem nenhum conteúdo histórico. Pra falar a verdade, ainda acho que só sobrou o cinegrafista, depois de tantas e tantas mortes...

Posso reproduzir seu comentário em meu blog (citando a fonte, claro)

Um abraço

Anônimo disse...

EU QUERIA MESMO ERA VER SANGUE(A HISTÓRIA NÃO É TÃO METICULOSA ...MAS ROLOU MUITO, O SUFICIENTE PARA ENCHER O RIO AMAZONAS)...AGORA NO MEU POUCO CINHECIMENTO SOBRE O ASSUNTO POSSO LHE GARANTIR QUE FOI UM BOM ENTRETENIMENTO...ALIMENTOU MEU SADISMO!