29 dezembro 2006

[CINE] Pode apertar a descarga

Se você amou o estilo de animação com massinha de A Fuga das Galinhas e Wallace & Gromit - A Batalha dos Vegetais, pode até se ver atraído pelas carinhas fofas dos personagens de Por Água Abaixo (Flushed Away), feito pelos mesmos caras, só que ao invés do quadro a quadro das massinhas, temos aqui os computadores da Dreamworks trabalhando.

O problema é que o roteiro e a direção parecem ter escoado pelo ralo. Sobrou um monte de cenas de ação, perseguições chatas e umas piadas que subestimam a inteligência de uma lesma. Aliás, a única coisa que dá pra aproveitar nesse filme são umas lesmas que aparecem vez ou outra com umas sacadas ótimas.

Bem, se você ainda não desanimou de ver Por Água Abaixo e quiser saber do que se trata, lá vamos nós. O filme conta de um rato de estimação Roddy, dublado por Hugh Jackman, que fica com a casa toda pra ele quando seus donos saem pra viajar. A casa é toda dele até que chega do esgoto o rato Sid, que se livra de Roddy jogando-o numa privada e dando a descarga.

O todo playboy Roddy cai então no esgoto de Londres, onde descobre existir toda uma cidade de ratos, parecida com a Londres dos humanos. Até aí o filme tem um ótimo gancho pra ser ótimo. Uma Inglaterra de ratos. Haja material pra ser parodiado. Só que a nítida preguiça do roteirista transformou o resto numa balela de perseguição por uma jóia com direito a sapos malvados e um plano que nem uma criança de oito anos acharia inteligente ou engraçado.

Não é à toa que essa produção de 143 milhões de dólares só tenha rendido até dezembro passado meros 60 milhões nos EUA. Acredito que por aqui não vai ser muito diferente.

22 dezembro 2006

[CINE] Jack Bauer que se cuide

Ele voltou em grande estilo. Quem não dava nada pro loiro grandalhão Daniel Craig no papel do espião mais mortal do cinema, teve de dar o braço a torcer. Depois do eterno charme de Sean Connery, das trapalhadas de Roger Moore, do erro que foi Timothy Dalton e do jeito correto de Pierce Brosnan no papel de 007, não parecia faltar nada para se acrescentar ao personagem. Mas Craig conseguiu fazer com que, além disso tudo, o espião a serviço de Sua Majestade se transformasse num Macho de verdade.

O bacana disso tudo é que 007 - Cassino Royale foi a primeira aventura do espião escrita por Ian Fleming nos anos 50. Ela teve uma versão não-oficial no cinema rodada em 1967 e com direito até a Woody Allen no elenco. Mas só agora ela incorpora a lista oficial de filmes.

Apesar de ser o vigésimo primeiro longa, 007 - Cassino Royale conta, nos dias de hoje, a primeira aventura do espião com licença para matar. Afinal, quem precisa de alguma seqüência lógica nos roteiros quando se tem as cenas de ação mais eletrizantes, as mulheres mais fatais, os brinquedinhos tecnológicos mais bacanas e os vilões com defeitos físicos mais malvados do cinema?

A grande diferença deste Cassino para os vinte filmes anteriores é o enfoque em um 007 bem mais humano, que também erra e ama. Com isso, muito dos exageros cometidos nos últimos filmes, como carros invisíveis e relógios que lançam lasers capazes de perfurar paredes, felizmente nem aparecem. Graças ao diretor Martin Campbell, que deixou tudo um pouquinho mais pé no chão, acompanhando o tom do personagem. Aliás, personagem que está bem mais pra heróis atuais como Jack Bauer do que pra galãs que não se despenteiam nem pulando de um avião em chamas.

Não vou perder tempo aqui falando sobre a trama, sobre a Bond girl e sobre o novo vilão com defeito físico. Isso tudo já era pra você estar vendo nesse exato momento. Então se ainda não viu 007 - Cassino Royale e não perde uma boa pancadaria, carrões turbinados, um joguinho de Poker de fazer suar frio e um bom martini batido, nao misturado, corra! Afinal estamos falando de Bond. James Bond.

17 dezembro 2006

[CINE] A desilusão

Pra quem já viu O Grande Truque (The Prestige), de Christopher Nolan, O Ilusionista pode ser uma grande bobagem. Pra quem não viu também. Este filme dirigido pelo novato Neil Burger promete uma viagem de mistério e romance. Mas o que entrega no final das contas é um amontoado de clichês e uma trama tão dramática e profunda quanto um especial de natal da Globo.

Baseado no conto "Eisenheim, o Ilusionista", de Steven Milhauser (ganhador do Pulitzer em 1997), o filme aproveita mesmo só o nome "Eisenheim". No filme, o tal Eisenheim (Edward Norton desperdiçando talento com essa brincadeira), é um pobre garoto de Viena que se apaixona pela jovem aristocrata Sophie. Daí em diante, se você viu qualquer filme que copie Romeu e Julieta, você já sabe o resto. Privado do amor de sua namoradinha, só resta ao pequeno Eisen treinar seus truques de mágica até se tornar o maior ilusionista que a Europa já viu.

Ele cresce, faz suas mágicas bem pra cacete, volta para Viena e inicia um caso com Sophie (Jessica Biel), agora futura esposa do príncipe Leopold (Rufus Sewel). Por essas e outras, começa a ser perseguido pelo inspetor de policia Uhl (Paul Giamatti).

Talvez os únicos que mereçam palmas sejam o fotógrafo Dick Pope, o cinegrafista Ondrej Nakvasil e o compositor Philip Glass. É pelas mãos destes caras que a cidade de Praga se transformou em uma Viena totalmente verossímil. A estética dada ao filme é a mesma dos filmes do cinema mudo, com imagens lavadas e aquele fade típico da época, em que a câmera fecha a imagem em uma bola focada no ponto principal da cena. E a trilha nos leva ao início do século XIX sem parecer datada. Mas pára por aí. De resto, O Ilusionista não passa de uma grande desilusão.

10 dezembro 2006

[CINE] Uma esperança que faltava

Estamos em 2027. Toda a humanidade está infértil. Já se passaram 18 anos sem nascer uma só criança e o mundo vive um grande caos social. Fome, doenças, guerras e xenofobia estão em seu ápice. E pra piorar, o cara mais jovem do mundo acaba de morrer.

Depressão geral. Menos para Theodore Faron (Clive Owen), um ex-ativista e atual mais-um-homem-comum. Ele é apático a tudo o que acontece. O que tinha de dar errado já deu. Na verdade, quase tudo. Até que ele se vê numa corrida contra tudo e todos para proteger uma imigrante negra, e única mulher grávida do mundo.

Com essa premissa apocalíptica o diretor mexicando Alfonso Cuarón (E Sua Mãe Também) mostra mais uma vez a que veio com Filhos da Esperança (Children of Men). Seu domínio de câmera e seus planos-seqüência são tão bem utilizados que conseguem passar a sensação exata do quanto este futuro imaginário pode estar próximo.

Em uma das melhores seqüências já realizadas no cinema, Theo corre por um campo de batalha enquanto mil coisas acontecem ao mesmo tempo, mas o único ponto de vista é o dele. Nada de grandes planos e tomadas épicas. Basta uma única câmera, sem cortes, atravessando todo o campo, assustada como mais um personagem do filme. É assim o tempo todo, seja na guerra, seja nas ruas de uma Londres sem esperança ou nos campos de concentração de imigrantes (agora todos ilegais).

Não faltam referências ao nosso passado e nosso presente. Tirando a infertilidade generalizada, praticamente tudo em Filhos da Esperança já aconteceu ou acontece hoje. Talvez seja por isso que o tempo todo temos a sensação de estarmos nesse futuro, seguindo em silêncio os passos de Theo através dos olhos de Cuarón. Um olhar que realmente vale a pena conhecer de perto.

05 dezembro 2006

[DVD] Pra esses dias de sofá

OK, fiquei um looongo tempo sem postar. Foi mal, galera. Mas sabe como são aqueles dias em que não dá tempo nem pra pensar no que não tá dando tempo de fazer? Pois é. E pensando nessa falta de tempo pro chope ou pra uma fila de cinema, que selecionei umas dicas pra você pegar na locadora e se esbaldar no sofá de madrugada.

Meu Encontro com Drew Barrimore
Esse aqui passou no Festival do Rio. Quem não viu e estiver na pilha de enfrentar um documentário na linha documentarista-personagem-olhem-pra mim (como o excelente Super Size Me), pode gostar.

Aqui você vai ver como um cara chamado Brian Herzlinger faz de tudo pra se encontrar com a atriz Drew Barrimore. Parece bobo (e é mesmo), mas se o clima é de deixar os neurônios descansarem, vá fundo.

O filme foi feito em apenas 30 dias e custou pouco mais de mil dólares, mas rendeu uma boa leva de fãs.

O Abismo do Medo
Quem ainda não viu esse terror de deixar muitos por aí no chinelo, não deixe de pegar pra ver bem no meio da madrugada com as luzes apagadas.

Se quiser ler mais sobre este filme, clique aqui.

O Código da Vinci
Hahaha. Te peguei! Posso indicar coisas trash, mas não faria você perder seu tempo com um filme tão ruim que é capaz de fazer um best seller ser pior e mais chato que qualquer filme da Xuxa (com excessão de A Princesa Xuxa e os Trapalhões, claro, hehe).

Roma - 1a Temporada
Se o seu negócio é gastar algumas longas horas seguindo todos os episódios de uma temporada que não teve tempo ou saco pra ver nos horários absurdos da TV, não pense duas vezes quando encontrar Roma na prateleira da sua locadora.

Essa superprodução da HBO mostra, sem pudores, os dia-a-dia de uma das mais importantes cidades do mundo, 52 anos antes de Cristo. A´liás, qualquer série da HBO que você encontrar na prateleira, terá uma grande chance de não se decepcionar. Estou viciado em Família Soprano anos depois de ter estreado. E vai merecer um longo post ainda.

Vôo United 93
OK. O clima não é nem pra documentáro, muito menos terror e sai-pra-lá-produção-made-for-tv? Que tal um drama baseado nos ataques de 11 de setembro?

Paul Greengrass (o diretor de A Supremacia Bourne) mandou bem ao contar a história do quarto avião seqüestrado,com destino à Casa Branca, e que suportamente foi derrubado por uma rebelião de seus passageiros.

Um detalhe bacana: o filme se passa em tempo real e é bem melhor que aquela bobagem do Oliver Stone sobre as Torres Gêmeas com Nicolas Cage de bigodinho à la YMCA.

Pronto. Agora é botar a pipoca no microondas, a cerveja no congelador, os pés pra cima e relaxar. E volte logo porque o Com Pipoca vai bombar pra esse final de semana.