10 dezembro 2006

[CINE] Uma esperança que faltava

Estamos em 2027. Toda a humanidade está infértil. Já se passaram 18 anos sem nascer uma só criança e o mundo vive um grande caos social. Fome, doenças, guerras e xenofobia estão em seu ápice. E pra piorar, o cara mais jovem do mundo acaba de morrer.

Depressão geral. Menos para Theodore Faron (Clive Owen), um ex-ativista e atual mais-um-homem-comum. Ele é apático a tudo o que acontece. O que tinha de dar errado já deu. Na verdade, quase tudo. Até que ele se vê numa corrida contra tudo e todos para proteger uma imigrante negra, e única mulher grávida do mundo.

Com essa premissa apocalíptica o diretor mexicando Alfonso Cuarón (E Sua Mãe Também) mostra mais uma vez a que veio com Filhos da Esperança (Children of Men). Seu domínio de câmera e seus planos-seqüência são tão bem utilizados que conseguem passar a sensação exata do quanto este futuro imaginário pode estar próximo.

Em uma das melhores seqüências já realizadas no cinema, Theo corre por um campo de batalha enquanto mil coisas acontecem ao mesmo tempo, mas o único ponto de vista é o dele. Nada de grandes planos e tomadas épicas. Basta uma única câmera, sem cortes, atravessando todo o campo, assustada como mais um personagem do filme. É assim o tempo todo, seja na guerra, seja nas ruas de uma Londres sem esperança ou nos campos de concentração de imigrantes (agora todos ilegais).

Não faltam referências ao nosso passado e nosso presente. Tirando a infertilidade generalizada, praticamente tudo em Filhos da Esperança já aconteceu ou acontece hoje. Talvez seja por isso que o tempo todo temos a sensação de estarmos nesse futuro, seguindo em silêncio os passos de Theo através dos olhos de Cuarón. Um olhar que realmente vale a pena conhecer de perto.

Um comentário:

Davi G. Araújo disse...

Como tudo o mais na sofrida Província, esse chega com o devido atraso!! Verei nessa semana seguindo inteiramente sua recomendação!!!

É bom estar certo, dude!!! :P

See ya!!!