
Wiesler é um dos melhores interrogadores-espiões e tem orgulho de como descobre um típico "inimigo". A diferença é que não vemos o filme pelos olhos dos perseguidos capitalistas, mas sim dos perseguidores.
Porém, quando Wiesler começa seu trabalho de desmascarar o intelectual Gerof Dreyman (Sebastian Koch) grampeando sua casa, suas ligações, sua vida, ele passa aos poucos a perceber não é só a Alemanha que está dividida entre dois lados, mas ele próprio.
Wiesler passa a questionar, não de que lado está, mas se existe mesmo um lado pra se estar. O muro já não é de pedra e concreto. O muro está dentro dele.
Impressiona como A Vida dos Outros separa e une estes dois lados de uma mesma nação refletida em uma única pessoa. Reflexo da vida de muitos outros.
4 comentários:
O valor deste filme, diferente dos muitos que abordam regimes ditatoriais, está no enfoque micropolítico. É impressionante acompanhar o desenrolar de um plano de sensibilidade, através dos personagens, constituído como dobra social no contexto da alemanha dividida. Fica nítido o fato de que transformações sensíveis e ações micropolíticas são potências que gestão os grandes acontecimentos molares, neste caso, a queda do muro. Outra percepção passível de nota, é a solidão e o isolamento como condição de sobrevivência resultante de sistemas como o socialismo e o comunismo, um total paradoxo.
Sem falar que o clima do filme não é 'cabeça' e a trama de espionagem é bastante movimentada e bem redondinha. Nota 10!
Um dos melhores filmes que vi nos últimos tempos. E o final, quando ele fala que não precisa embrulhar, pois o livro é "pra mim", é genial.
O filme é muito bom, e incrivelmente frio. Passam-se meses de narrativa e a ambientação é constantemente gelada, todo mundo encapotado. A comunicação é de que não apenas o regime era gelado, mas a vida também. Apesar da Veja bater palminhas reacionárias de felicidade pelo filme, ele é muito bom.
Postar um comentário