Quem mais anda precisando de uma transformação em Hollywood é o diretor
Michael Bay (culpado por
A Ilha,
Pearl Harbor,
Armageddon, etc.). Depois de convencido pelo produtor
Steven Spielberg, Bay volta aos cinemas com
Transformers pra mostrar o que mais sabe (ou só sabe) fazer: muita ação, um fiapo de história, explosões, pessoas correndo em câmera lenta ao som de uma música melosa e por aí vai.

OK, o filme é um pipocão mesmo. É pra se divertir com os robozões se espancando na tela, certo? Certíssimo. E, como em
A Ilha,
Transformers começa muito bem. Os momentos em que Sam Witwicky (
Shia LeBeuf, numa atuação muito além do que o próprio filme merece), descobre que seu Chevrolet Camaro é na verdade um super robô gigante e alienígena já valem o ingresso. É Steven Spielberg puro, como um Eliot de hormônios à flor da pele descobrindo um E.T. turbinado no quintal de casa.
Mas passado esse momento, entra em ação o velho e cafona Bay de sempre. Personagens inverossímeis (e não estou falando dos robôs!) e cenas de ação tão mirabolantes e frenéticas que depois de um tempo viram paisagem. Sem contar o discurso do bem contra o mal que, láaa nos anos 80, podia fazer um certo sentido pras crianças que viam o Show da Xuxa. Mas hoje só causa constrangimento.
O pouco que dá pra pegar da pancadaria entre os Autobots (robôs do bem) e os Decepticons (os do mal) é realmente de tirar o fôlego. Carros em alta velocidade se transformando a mil por hora numa rodovia e se espancando sem dó nem piedade são de saltar aos olhos. Mas com os cortes acelerados e as trocentas coisas acontecendo com as dezenas de núcleos de personagens desnecessários, tudo ao mesmo tempo e no mesmo lugar, fica difícil acompanhar. E, no final, com tanto porca e arruela voando pra todo lado,
Transformers faz o contrário do que deveria: dá sono.