A Vida dos Outros (Das Leben der Anderen) é um desses filmes que demorei ir ao cinema pra ver e, quando saí da sessão, só pensava "Caraca! Onde eu tava com a cabeça que ainda não tinha visto isso?"
Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2007, esse filme de Florian Henckel von Donnersmarck transporta você dentro de uma Berlim Oriental em pleno regime comunista, onde Gerd Wiesler trabalha em busca de potenciais conspiradores contra a "causa vermelha".
Wiesler é um dos melhores interrogadores-espiões e tem orgulho de como descobre um típico "inimigo". A diferença é que não vemos o filme pelos olhos dos perseguidos capitalistas, mas sim dos perseguidores.
Porém, quando Wiesler começa seu trabalho de desmascarar o intelectual Gerof Dreyman (Sebastian Koch) grampeando sua casa, suas ligações, sua vida, ele passa aos poucos a perceber não é só a Alemanha que está dividida entre dois lados, mas ele próprio.
Wiesler passa a questionar, não de que lado está, mas se existe mesmo um lado pra se estar. O muro já não é de pedra e concreto. O muro está dentro dele.
Impressiona como A Vida dos Outros separa e une estes dois lados de uma mesma nação refletida em uma única pessoa. Reflexo da vida de muitos outros.
4 comentários:
O valor deste filme, diferente dos muitos que abordam regimes ditatoriais, está no enfoque micropolítico. É impressionante acompanhar o desenrolar de um plano de sensibilidade, através dos personagens, constituído como dobra social no contexto da alemanha dividida. Fica nítido o fato de que transformações sensíveis e ações micropolíticas são potências que gestão os grandes acontecimentos molares, neste caso, a queda do muro. Outra percepção passível de nota, é a solidão e o isolamento como condição de sobrevivência resultante de sistemas como o socialismo e o comunismo, um total paradoxo.
Sem falar que o clima do filme não é 'cabeça' e a trama de espionagem é bastante movimentada e bem redondinha. Nota 10!
Um dos melhores filmes que vi nos últimos tempos. E o final, quando ele fala que não precisa embrulhar, pois o livro é "pra mim", é genial.
O filme é muito bom, e incrivelmente frio. Passam-se meses de narrativa e a ambientação é constantemente gelada, todo mundo encapotado. A comunicação é de que não apenas o regime era gelado, mas a vida também. Apesar da Veja bater palminhas reacionárias de felicidade pelo filme, ele é muito bom.
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